Muitos pais já devem ter ouvido falar sobre a amigdalectomia ou cirurgia de retirada das amígdalas palatinas. Essa familiaridade com o assunto deve-se ao fato de a cirurgia ser muito comum em crianças, em especial nas que apresentam ronco, sono agitado e pausas respiratórias durante o sono (apneias) decorrentes de amígdalas de tamanhos aumentados – as chamadas amígdalas hipertróficas.
Em alguns casos específicos de dores de garganta recorrentes (amigdalites de repetição), a amigdalectomia também pode ser indicada, tanto em adultos como em crianças. Entretanto, somente depois de uma criteriosa avaliação de um otorrino é que a amigdalectomia será ou não o tratamento de escolha para esses sintomas.
Por isso, consultar um especialista de confiança é sempre a melhor opção, uma vez que ainda que existam critérios que auxiliem na indicação da cirurgia, cada caso deve ser individualizado e avaliado com cuidado e atenção.
Entre os critérios mencionados acima, para que uma criança ou adulto tenha indicação de realizar uma amigdalectomia, encontram-se:
- Hipertrofia das amígdalas, que consiste no aumento do tamanho das mesmas, gerando dificuldade respiratória, ronco, apneias durante o sono, alteração na voz ou na deglutição;
- Amigdalites bacterianas de repetição;
- Complicações oriundas de quadros de amigdalites agudas, como abscesso periamigdaliano.
No caso das amigdalites de repetição, para que seja indicada a cirurgia de retirada das amígdalas, o paciente deve ter sido diagnosticado com o quadro de amigdalite bacteriana por sete vezes no período de 12 meses; ou cinco vezes por ano em um período de 2 anos consecutivos, ou três vezes por ano, em um período de 3 anos consecutivos.
Por isso é importante consultar-se com um otorrinolaringologista quando o paciente apresenta recorrentes casos de infecção nas amígdalas. As amigdalites podem ser virais ou bacterianas. Nos casos bacterianos, são tratados com antibióticos. Já nos casos virais, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios podem ser usados até a resolução espontânea do quadro. E somente nos casos de amigdalites de repetição comprovadamente bacterianas é que a amigdalectomia deve ser considerada pelo profissional da saúde.
A principal indicação de amigdalectomia, entretanto, não são as amigdalites de repetição e sim quando a hipertrofia das amígdalas gera complicações. Isso acontece quando amígdalas de tamanhos muito grandes ocasionam dificuldade na respiração. Nessa situação pode surgir respiração oral (pela boca), ronco e apneia do sono. As amígdalas aumentadas também podem prejudicar a fala e a alimentação das crianças, ocasionando dificuldade para comer alimentos sólidos.
Por isso é importante o acompanhamento de um otorrinolaringologista, ele é o profissional com expertise para orientar o tratamento que eliminará tais condições médicas.
A cirurgia de amigdalectomia é muitas vezes realizada em conjunto com a cirurgia de adenoidectomia (remoção da adenoide). A adenoide é um conjunto de tecido linfoide situado na parte de trás do nariz, denominada de rinofaringe. O crescimento deste tecido de forma anormal é mais comum em crianças e impacta diretamente na respiração, fazendo com que o paciente respire pela boca. Crianças com respiração oral apresentam alteração no crescimento da face e no nascimento e posicionamento dos dentes.
A amigdalectomia não é indicada apenas para a população infantil. Amigdalite de repetição pode acometer crianças, adolescentes e adultos, e o acompanhamento de cada caso deve ser individualizado de modo a determinar se o melhor tratamento é a retirada das amígdalas palatinas.
Entretanto, essa não é a única condição que pode resultar na indicação de uma amigdalectomia. Alguns adultos queixam-se de mau hálito e a causa pode estar relacionada com o acúmulo de alimentos decompostos no interior das criptas das amígdalas. É o caso da amigdalite crônica caseosa. Esses alimentos decompostos formam pequenas bolas amareladas de odor ruim, gerando desconforto e incômodo para o paciente e às pessoas que convivem com ele.
Outra situação em que a amigdalectomia é considerada são nos casos de abscesso periamigdaliano. Esta condição surge quando um quadro de amigdalite complica com a formação de secreção purulenta alojada na região perto das amígdalas. O abscesso periamigdaliano é preocupante e deve ser tratado imediatamente, por meio de drenagem da secreção ou de interação para uso de antibióticos na veia. Um paciente que teve um abscesso periamigdaliano apresenta risco aumentado para apresentar um novo quadro de abscesso. E, por tratar-se de uma complicação potencialmente grave, a amigdalectomia pode ser indicada nesses casos.
Com base nessas informações é importante que as crianças e os adultos sejam assistidos por um otorrinolaringologista, pois, o mesmo é capaz de diagnosticar de forma precisa todas as condições clínicas mencionadas, assim como prover o melhor tratamento a esses pacientes.
Todas as cirurgias envolvem riscos, mesmo aquelas consideradas de pequeno porte. E para garantir maior segurança na hora da amigdalectomia, o otorrino cirurgião solicitará alguns exames enquanto planeja a cirurgia. Exames de sangue contendo hemograma completo e coagulograma são os mais frequentemente solicitados, seja a paciente criança ou adulto.
Em consultório, o otorrino também avaliará a saúde integral do paciente, perguntando sobre outras doenças crônicas como asma, pressão alta e diabetes, bem como uso de medicações e alergias. Com um bom histórico em mãos, novos exames e consultas podem ser requeridos, como uma avaliação por um cardiologista, por exemplo, visando sempre a máxima segurança do paciente.
Após consultas e exames realizados, é hora de agendar a amigdalectomia. Lembrando que todos os exames serão novamente visualizados pelo anestesista da equipe, que avaliará o paciente anteriormente à cirurgia.
A cirurgia então, deverá ser realizada em um hospital equipado com centro cirúrgico moderno e uma equipe multiprofissional preparada para acolher o paciente. Os hospitais que os médicos da Clínica Otorrino Garrafa operam são referências na cidade de são Paulo.
Com o paciente anestesiado, o otorrinolaringologista fará a retirada total das amígdalas palatinas pela boca, não sendo necessários cortes externos no pescoço. Uma pequena incisão é realizada na borda anterior da amígdala, a qual será descolada de seu plano e removida em sua totalidade. Passada essa etapa, o cirurgião poderá fazer uso de eletrocautério e pontos para controlar possíveis sangramentos. Esses pontos caem naturalmente após uma semana, não precisando de retirada em consultório.
Não é necessário um período muito longo de internação. É comum que o paciente saia de 8 a 12 horas após a cirurgia, sendo que, caso ocorra hemorragia ou qualquer intercorrência, esse tempo de internação pode se prolongar por 1 a 2 dias. Por ser uma operação em região sensível, a recuperação demandará alguns cuidados e paciência por parte do paciente.
Assim como qualquer cirurgia, após a amigdalectomia o paciente deve ter alguns cuidados. Nas duas primeiras semanas, engolir vai ser doloroso, já que a região está em processo de cicatrização.
Dores na garganta e de ouvido, semelhantes àquelas do processo inflamatório, são comuns. Tais sintomas são amenizados com uso de analgésicos, conforme prescrição médica.
Alimentação: Logo após o procedimento, a alimentação ficará mais restrita, sendo indicado nos três primeiros dias que todo o alimento ingerido seja líquido ou pastoso e frio. Para as crianças, uma forma de amenizar e tornar esse processo de recuperação menos traumático o possível, é ofertar sorvete, sucos gelados e gelatina, por exemplo.
Sopas de legumes/proteínas devem ser batidas em liquidificador, para minimizar o atrito do alimento com a região lesionada. A evolução da dieta dependerá da recuperação do paciente e o médico orientará quando introduzir comidas quentes e sólidas. Em geral, alimentos mais consistentes e mornos são oferecidos após 1 semana, porém, alimentos crocantes deverão ser evitados para não machucar a garganta até nova orientação médica.
É comum que o paciente sinta dor por 10 a 14 dias, mas devemos sempre lembrar que a recuperação é individual de cada paciente e cada um pode levar um tempo diferente. O importante é ter um otorrino de confiança para acompanhar a evolução de perto e explicar todas as orientações.
Repouso: esforços físicos devem ser evitados nos sete primeiros dias, mas atividades intensas como corrida e natação deverão ser suspensas por um mínimo de 3 a 4 semanas, a depender da recuperação do paciente.
Higienização bucal: A higiene dos dentes requer alguns cuidados no pós-operatório. A escovação pode ser realizada de forma habitual, apenas com mais cuidado na parte posterior da garganta, evitando qualquer contato da escova de dente com a região em processo de cicatrização. Não bochechar ou gargarejar com força na primeira semana após a cirurgia.
Essas são algumas informações relevantes a pacientes que farão a amigdalectomia. Caso tenha ficado alguma dúvida, entre em contato com a Clínica Otorrino Garrafa e se consulte com um de nossos otorrinolaringologistas.